segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Artigo - História? Pré-História? Coreologia!



A dança foi sempre muito presente na cultura das mais várias civilizações do mundo, sendo utilizada com diversas funções incluindo estética, mágico-religiosa, utilitária e teórica-cognitivo.
Na atualidade vemos a dança como uma arte de cena, que usa dos movimentos corporais para expressar sentimentos por meio de signos, e pode ter várias funções semióticas, por exemplo, a movimentação corporal no palco tem a função estética, dentro do espetáculo teatral, ajuda a conceituar a peça, e em uma instituição religiosa tem a função de louvar a “Deus” como vemos na belíssima matéria de Karina Bernassi nesta revista.
A dança tem grandes relações com a história das culturas de todas as sociedades e por esse motivo há muitos tipos de dança ativos no mundo hoje, assim, como houve diversos tipos de dança extintos na história, que nem chegamos a ter conhecimento.
Muitos historiadores afirmam (mesmo que algumas linhas do estudo da história não concordem), que a história é dividida em duas grandes áreas, a pré-história e a história. A primeira consiste no estudo de uma sociedade que não teve escrita formal, sendo o objeto de estudo as obras de pintura, escultura, arquitetura e qualquer documento arqueológico que possa facilitar o entendimento desses povos. Por outro lado a história é o estudo das sociedades que possuem uma escrita formal e por isso um registro mais claro e gráfico dos acontecimentos.
Devido a essa divisão, a história se repartiu em tempos diferentes em diversos lugares do mundo, por exemplo, a escrita apareceu primeiramente no Oriente próximo, na mesopotâmia há cerca de 40 séculos antes da era cristã, diferente da América, Austrália e África central, que só conheceram a escrita no século XV, com a colonização europeia, findando a pré-história milênios depois do Egito, da Grécia e da própria mesopotâmia.
Estabelecendo um paralelo entre as localidades para linguagens artísticas, podemos afirmar que o teatro, por exemplo, passa a ter história apenas em 555 a.C. quando temos noticia de um autor de teatro.
Seguindo essa linha de raciocínio por um lado, as Artes Visuais são naturalmente um registro gráfico e assim pode ser consideradas histórias desde seu nascimento. Ainda na mesma linha podemos afirmar que a música só passou a ser história com o nascimento das partituras, que foi sistematizada somente em 1030 por Guido D’Arezzo, e só então difundida e unificada.
Podemos então concluir que a dança é a única linguagem artística que não está englobada dentro da esfera da história, sendo classificada então como pré-história, tendo em vista que ela nunca foi realmente sistematizada em uma forma de escrita formal. Alguns teóricos da dança como Del Sarte, Meyerhold e Laban começaram trabalhos bem sólidos nesse aspecto, no entanto, as tentativas resultaram em complexas escritas não muito difundidas no meio, como Rudolf Laban, que desenvolveu a escrita mais próxima do sucesso, no entanto, não muito precisa e pouco disseminadas no mundo.
Segundo a autora Ligia Trindade há no Brasil apenas um coreologo (profissional especializado em escrita de dança), credenciado para exercer essa função no Brasil. Emilio Martins frequentou por três anos e se formou no curso de Coreologia do Benesh Notation de Londres sendo considerado segundo a autora o único profissional especializado nesta área.

Por: Rodrigo Guergolet
Extraido da Revista Capezio Magazine, nº05

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